sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
...caravela
...vejo no mar o meu reflexo, a sombra do meu passado. Hesito em olhar-lhe em sentir-lhe em tocar-lhe. Eu sabia que algum dia essa sombra iria voltar como o som ondas do mar. A inevitabilidade do futuro fez-me não me adiar aquele momento aquele toque na água fria e gélida onde me poderia perder em angustias obscuras e profundas da minha alma. Decidi juntar algumas letras para não me perder num presente oceano de palavras onde já não sei navegar. Tudo mudou, tudo está diferente. Já não me reconheço naquele espelho já não sou quem era nem sei quem sou. O que tanto ansiava por procurar sei agora que não existe. Só sinto o que sentia no vazio do passado sem alma nem sentido. Podia reinventar-me em sonhos mas já não sei sonhar. O pesadelo das trevas invadiu-se sobre mim e deixa-me cativo em devaneios sem fim. Desenho na areia uma caravela de sonhos para me vir buscar ali, naquele lugar, naquele mar. Fecho os olhos e deixo-me sumir no frio de uma noite escura e já sem estrelas. Já gelado sinto o calor da Lua a abraçar-me e a não me deixar mergulhar num azul profundo. Vejo a luz um de farol ao longe e agora sei que me encontrei, que não estou perdido, que sempre tive onde estava e que tudo não passava de um pesadelo. Nado iluminado entre o sal cintilante das doces ondas que me embalam até chegar ás estrelas. Abro os olhos e vejo o nascer do sol que faz desaparecer todos os sonhos de escuridão...
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