terça-feira, 19 de dezembro de 2006

...sal


...perdi-me no silêncio do horizonte a sonhar contigo. Estavas ali comigo, naquele dia, naquela praia, naquele sonho só nosso e de mais ninguém. Irradiavas luz como uma estrela e ofuscavas toda a escuridão daquele momento. Não conseguia ver-te com os meus olhos, és luz demais para as trevas do meu olhar mas não faz mal, bastava sentir a tua presença com a minha alma para reconhecer todos os teus movimentos, todos os teus gestos, toda a tua cor que inundava o meu coração.
Vivi como sombra nas trevas durante a amargura da ausência da tua presença perante mim. Já não me reconheço, já não sei quem sou ou para onde vou. Perco-me na angustia de não saber se as tuas lágrimas são puro sal como pó de ouro a cintilar num céu estrelado ou se puro mel mais precioso que o santo grall. Mas a luz que me concedeste é tão forte que mesmo que eu quisésse nunca a poderia apagá-la completamente. Tentei riscar-me, limpar-me, fazer-me desaparecer de tudo e de todos e para todo o sempre. Se estou aqui é por ti, a minha alma é tua. Já não acredito que há uma estrela para cada um de nós, suficientemente afastada para que as nossas faltas a não possam obscurecer porque a minha estrela és toda e só tu...

domingo, 3 de setembro de 2006

...apocalipse

...olho para o céu e escondo a Lua entre os dedos da minha mão. Descobri-te, era tudo mentira, tudo falso, tudo diferente. A luz que em mim preenchias era um nada afinal. Nada como o que deixaste dentro de mim depois de me destruires. Mexo e remexo os meus dedos escondendo e agarrando-te, olhando-te demorada e vagarosamente e tentanto entender o porquê de me teres enganado tanto. O mel do teu olhar que me derretia era puro doce veneno que me percorria. Mas sei que o provaria outra vez se o tivesse á minha frente. Esse teu brilho que a pouco e pouco me destruia era fatal e eu não sabia. A culpa foi minha, fui eu que destruí a tua cor, o teu brilho, o teu amor. Agora nada resta da minha alma senão a sombra de um passado que me atormenta o presente e o futuro. Já não sinto nada, já não me sinto, só sinto em mim um nada que já nada quer sentir. Cansei-me das palavras, das ilusões, dos sonhos, da vida. Quero mergulhar num oceano profundo onde a luz da lua nem o brilho da estrelas me possam encontrar e então aí talvez possa sonhar...

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

...partida


...acabou tudo. O meu reino de fantasia de fadas e princesas, não passava de uma doce ilusão de uma realidade fria e obscura. Estou farto de ilusões e desilusões. Decidi deixar de ser subdito das minhas palavras e fugir para bem longe. Longe das frases, das letras, longe de tudo. Vou para onde ninguem me possa encontrar, vou até ao fim do mundo e kuando lá chegar vou por lá ficar até não restar nada de mim. Fartei-me dos meus pesadelos, da minha angustia, de mim. Preciso de me libertar de vez desta escuridão que não me deixa ver e viver. Vou ficar sozinho, sem nada, sem tudo, sem ninguem, só ficarei com a lua o mar e as estrelas para me abraçar. Afinal foi sempre tudo o que tive, só e apenas isso. Nunca me trairam, nunca me abandonaram. Não gosto de despedidas mas este é o adeus que á muito anunciara. Todos os contos de encantar têm um final, mas este não é feliz. Não me quero demorar, quanto mais tempo levar mais dor vou sentir quando partir. É melhor ir já. Peço desculpa pelas desilusões que causei a quem leu o que escrevi. Peço que sintam que foi apenas um pequeno pesadelo de um principio de um sonho vosso e não meu...

sexta-feira, 21 de abril de 2006

...não


...não foste, não disseste para onde ias. Fugiste sem nada me dizer. De repente como uma brisa de vento. Quente. A tua voz desvaneceu perante mim. O teu sorriso que aquecia e percorria todos os recantos da minha alma e de quem o olhava dá lugar a um profundo vazio; negro; frio; escuro. Um nada. Um tudo. Que deixaste de preencher. Um vazio. Que nos deixaste a ver. O sentir que levaste contigo. Sabias ver, eras especial. Eras rara. Eras tu. Tu e o teu olhar que era profundo e doce mas que poucos o sabiam ler. Ainda o leio na minha mente e de cada vez que o sinto descubro sempre novas letras, novas palavras, novos entendimentos. As tuas frases não são velhas, estão presentes, estão comigo, estão no meu coração de cada vez que sinto o calor do teu olhar. Tinhas tantas letras no teu olhos que me deixavas sempre analfabeto. Percebia muitas delas mas mais eram ainda as que ainda não conseguia ver. Percebias-me. Sentias-me. Lias-me. Ás vezes era desconfortavel. Já fazias de propósito e ainda bem. Sentia-me nú com esse teu olhar. Conseguias ver através de mim. Vias-me com a alma. Vias-me a alma. Desconforto agora confortavel nos meus pensamentos de ti. Não quero. Não quero que vás. Enganaste-me. Sempre enganaste tudo e todos e até a ti. No fundo sabias, e eu no fundo tambem sabia que tu sabias, mesmo sem nunca termos dito tais palavras. Mas não fazia mal. Era de ti, de mim, do nosso silencio inquebrável. Quem não te olhava nos olhos ou olhava e não te sabia ver, sentia-te implacável. Mas não sei porquê para mim sempre te senti suave como o tempo. Tempo que parava contigo. Ainda não acredito que tudo não passe de um pesadelo. Ainda ontem tu estavas aqui como o vento. Levaste parte de mim. Parte da minha alma, das minhas lágrimas, estão em ti. Guardas em ti os olhares perdidos, os sorrisos escondidos entre silencios que diziam tudo e não escreviam nada. Deixas em mim um nada. Um vazio enorme cheio de ti. Ainda não senti que não estás aqui mas já sinto a tua falta. Falta sempre palavras. Nunca as tive contigo. Agora só me resta deixar estas aqui e esperar que o que te estive a ensinar durante os nossos olhares seja agora por ti compreendido nestas palavras.
Mas não. Não foste. Porque o teu sorriso e alegria de viver iluminará para sempre as memórias daqueles que te realmente conheceram e sempre acreditaram em ti. Não foste, estás em mim...

terça-feira, 14 de março de 2006

...asas

"Fazes-me sentir como uma criança que corre para os braços do pai, para este lhe transmitir aquela segurança que só eles nos sabem dar.
Fazes-me sorrir e sentir o teu amor entranhado na minha pele como se de uma capa protectora se trata-se, parece que nenhum mal me pode atingir.
O meu sorriso é tão sincero que qualquer pessoa que se cruza comigo na rua sente o seu dia mais feliz. O teu amor serve-me de cama, de roupa, de abrigo, de passaporte para a felicidade. Sinto-me feliz como se voasse para a liberdade. Sinto-me um pássaro, o meu maior desejo.
Deste-me asas."

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domingo, 19 de fevereiro de 2006

...estrela

...e como um sonho, ela apareceu. No silêncio obscuro de uma noite estrelada, uma estrela, mais do que todas as outras, brilhava. Era unica, bela, reluzente e misteriosa, diferente de todas as outras. De facto, era tão brilhante que o brilho das outras estrelas simplesmente quase se apagava. Tão brilhante que transformava a noite em dia. Estava cego e só agora a vi, mas tenho logo de fechar os olhos para não me ofuscar. Mas algo de estranho se passava, aquela estrela sempre ali estava e eu nunca nela reparava. Um enigma naquela se noite abateu sobre mim, mas depressa descobri. E foi assim que aprendi, olhos fechados e coração aberto, é esse o segredo das estrelas. Já a conseguia ver. Agora só me falta entender o que elas querem dizer. Muitas vezes não as consigo encontrar mesmo que as procure. Não são elas que se escondem, somos nós que não as sabemos ler. Demorei mas entendi. Já não tento perceber, elas estam espalhadas pelo meu caminho. Revelam-se a cada passo a cada momento que damos ou temos, sem termos que correr, sem pressas. É quando menos esperamos que elas surgem escondidas para nos iluminar. E é assim que deve ser. É demasiado perigoso procurar o fim de um caminho, acabamos sempre por tropecar em algo que nos faz cair mesmo á nossa frente, mas ela está lá, sempre, para nos levantar e guiar...

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

...café

...rodeio suavemente com os meus dedos a borda de uma chávena de café como se fosse a unica coisa que existisse nakele momento, naquele espaço naquele tempo, naquele mundo que só nos conhecemos. Mexo e remexo enternamente o açucar no café como se fosse mel do teu olhar e misturo-o delicadamente para tentar encontrar a cor que tens quando olhas para as ondas do mar. És mel que alimenta a minha alma que dá cor ao meu coração e que ilumina o meu mundo. Procuro entre Lua e as estrelas esse teu brilho que me faz brilhar mas nada, nem elas conseguem alcançar esse misterioso brilho que tens no teu olhar. Fazes-me odiar as frases por serem em ti todas elas pérfidas. Queria dizer-te com palavras tudo o que sinto, por a tua mão no meu coração, mas tudo em ti deixa todas as letras sem significado. Entre silêncios escondidos por olhares misteriosos procuro um sinal de ti, algo que me faça sentir mais perto, algo que me faça sentir realmente vivo. Tento desenhar-te, pintar-te, eskrever-te, sentir-te mais em mim mas é sempre tudo em vão como o que sinto no meu coração. Todas as ideias me ocorrem á cabeça vindas da minha alma mas quanto penso em ti tudo acaba e o mundo desaba...

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

...tu

...tentei agarrar as palavras para te poder recordar, para que não me pudesse esqueçer de nenhum pormenor. Mas eras tu, tenho a certeza, só podias ser tu. Tu naquele dia, naquele sonho brilhavas na imensidão da noite escura e fria e tu, só tu, me deixavas quente com o calor da tua presença, esse teu calor que só tu me puderias causar. Tentei agarrar-te, segurar-te pela mão, mas por muito que tentasse havia algo que me puxava, que não me deixava tocar-te. Só queria sentir-te, pelo menos só por uma vez. Os meus olhos gritavam de raiva e as minhas lágrimas queimavam-me o rosto por não te conseguir alcançar e quanto mais eu tentava mais tu brilhavas como o brilho unico de uma estrela. Cegavas-me, os meus olhos pérfidos não me permitiam que te vislubra-se, és demasiado pura para mim. Dou voltas e voltas na cama a pensar como te alcançar e não desisto nunca de tentar pelo menos até acordar. Fecho os olhos e só desejo conseguir sonhar mais. Mas chegou tudo ao fim. Acabou, acabou tudo. Mas eras tu, tenho a certeza que eras tu, só podias ser tu. Só mais tarde percebi que eras tu que estavas a pensar em mim e não me podias tocar enquanto eu estava a sonhar...

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

...vela

...a luz que no alto brilhava e ofuscava com toda a intensidade apagou-se como uma vela. Tento agarrar o seu fumo mas tudo se desvanece nas minhas mãos. Não consigo regressar ao passado para voltar a fazer tudo de novo. Tenho de viver com esse passado que não consigo suportar e que rege o futuro. Não me consigo perdoar. A dor é cada vez maior com o passar do tempo. Eloqueço numa loucura que sinto cá dentro mas que não me deixa deixar de sentir as trevas que me rodeiam e envolvem. Estou preso, preso em mim, preso neste mundo. Já tentei em vão com todas as minhas forças tentar-me soltar mas quanto mais tento mais sofro. Perco o que restava das minhas forças. O ar fica pesado, começa a doer respirar e já não sinto o sangue a correr-me nas veias mas sinto o meu coração a bater com cada vez mais intensidade. O ar e o sangue tornam-se fogo num fogo invisil que não se extingue. Fico desidratado pelas lágrimas que me caem pelo rosto e a minha almofada torna-se num lençol de água. Agora não as preciso de secar, já não existem ja não há lágrimas, já não há nada. Nunca imaginei um mundo sem lágrimas sem poder conseguir tentar lavar a alma. Não posso fazer mais nada senão agoniar até tocar no fundo. Anseio por isso e por isso desespero num silencio final do grito da angustia do real...

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

...nada

...caiu num poço sem fundo. A queda é aterradora e a uma velocidade estoteante. Deixo de ver a luz e, de repente, tudo se torna completamente escuro e negro. O maior dos medos, o de não conseguir ver algo a brilhar mesmo que seja algo muito tenue, torna-se realidade. Anseo por chegar ao fundo. Não suporto mais esta angustia, esta dor, este sofrimento. As tormentas do passado fecharam-me num baú. Já tentei escapar mas... sem chave torna-se impossivel. Tento não pensar e resistir, mas de cada vez que tento sei que é em vão, não sei porque o faço e por isso já me decidi a desistir. A ausencia de cor torna-me num nada. A realidade é demasiado dolorosa para que a possa aguentar o peso da vida. Não quero abrir os olhos ao acordar, como se pudesse com isso resistir a esta angustia. Mas não. É sempre tudo em vão. Tentei viver no mundo de fantasia mas os sonhos tornaram-se todos em pesadelos sem fim, ainda assim, mais suportavel que a realidade dura do real. O frio, a dor, os sentimentos fisicos começam a deixar de existir. Deliro em desmaios continuos de que anseio não acordar; enquanto não tenho consciencia não doi, não sofro, não sinto. Nunca aprenderei a viver nas trevas, não é vida, não é nada. Torno-me num nada. Nada...

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