terça-feira, 27 de novembro de 2007

...devaneios

...devaneio na insanidade da loucura devora-me a razão a cada segundo que a minha alma estremece com a tua simples presença em vagos pensamentos. Desvio o meu olhar para o por do Sol. Tento perder-me em outros sentimentos mas até as doces cores horizonte me fazem sonhar com as cores do teu olhar. Fecho os olhos. Tento por momentos ver apenas um nada. Mas nada. Acabas sempre por aparecer mesmo quando não te quero com medo de perder o pouco da lucidez que ainda em mim julgo perdurar. Confortável desconforto de te ver sempre ali... estás sempre em mim. Perco-me no brilho das estrelas e sinto dentro de mim o teu brilho a raiar em ti. Não sei como lidar com tão inefável pureza. Não te quero tocar, não sou digno de tal divino privilegio. Não te consigo dizer não, não tenho direito sobre a tua vontade. Mergulho o meu rosto tentando lavar-me de tais sonhos. Desespero quando me despes o rosto e me tocas na alma com tal simplicidade que me dá certezas de que não pertences a este mundo. Deixei de distinguir entre a ilusão e a realidade, não sei se existes apenas em meus sonhos. Devaneio nesta loucura onde não consigo lidar com o espelho da minha alma reflectida em todas as tuas palavras. Cega-me o reflexo da verdade de toda esta realidade. Acordo e procuro conforto em sentir se tudo não foi um sonho de uma visão de um milagre. Volto a fechar o meu olhar e sinto o teu sorriso a estremecer o meu coração e sei que é impossível não ter sido tão verdade como aquele por do sol como aquele teu olhar. Não tenho perdão por não conseguir dizer-te mais do que ainda tu já sabes e que nem eu não sei sobre as trevas da minha alma. Não sou digno de tais visões de ti sobre mim. Não te consigo dizer não se não souber que estarás melhor sem mim. Almas gémeas? Alguma missão? Porquê tudo isto agora e assim? Infeliz sou por não levar à boca meu coração. Não tenho perdão. Só rezo para que o teu sorriso nunca se desvaneça como agora a minha razão...

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

...caravela


...vejo no mar o meu reflexo, a sombra do meu passado. Hesito em olhar-lhe em sentir-lhe em tocar-lhe. Eu sabia que algum dia essa sombra iria voltar como o som ondas do mar. A inevitabilidade do futuro fez-me não me adiar aquele momento aquele toque na água fria e gélida onde me poderia perder em angustias obscuras e profundas da minha alma. Decidi juntar algumas letras para não me perder num presente oceano de palavras onde já não sei navegar. Tudo mudou, tudo está diferente. Já não me reconheço naquele espelho já não sou quem era nem sei quem sou. O que tanto ansiava por procurar sei agora que não existe. Só sinto o que sentia no vazio do passado sem alma nem sentido. Podia reinventar-me em sonhos mas já não sei sonhar. O pesadelo das trevas invadiu-se sobre mim e deixa-me cativo em devaneios sem fim. Desenho na areia uma caravela de sonhos para me vir buscar ali, naquele lugar, naquele mar. Fecho os olhos e deixo-me sumir no frio de uma noite escura e já sem estrelas. Já gelado sinto o calor da Lua a abraçar-me e a não me deixar mergulhar num azul profundo. Vejo a luz um de farol ao longe e agora sei que me encontrei, que não estou perdido, que sempre tive onde estava e que tudo não passava de um pesadelo. Nado iluminado entre o sal cintilante das doces ondas que me embalam até chegar ás estrelas. Abro os olhos e vejo o nascer do sol que faz desaparecer todos os sonhos de escuridão...